A professora Itana Torres ministrou uma palestra de sensibilização sobre Segurança Psicológica, na primeira edição de 2024 do Conselho Consultivo de Diversidade, Equidade e Inclusão, na sede do Banco do Brasil, em Brasília.
Dois
anos depois da maior crise global ser declarada em muitas décadas, cientistas se debruçam sobre
os efeitos de uma outra escalada de adoecimento: os transtornos mentais. Dados
confirmam que a pandemia aumentou em 25% a prevalência de ansiedade e depressão
no mundo. O Brasil posiciona-se como o país mais depressivo da América Latina e
no topo do ranking global de TAG, o Transtorno de Ansiedade Generalizada.
"O
ônus dessa perda de sustentabilidade humana está em todas as esferas. Ninguém -
nem pessoas físicas, nem jurídicas - escapa do prejuízo", alerta Carla
Furtado, pesquisadora na Universidade Católica de Brasília e diretora do
Instituto Feliciência, responsável pela publicação do white paper Alerta
Amarelo: Perspectivas de Prevenção e Enfrentamento ao Adoecimento no Trabalho e
Análises sobre o Panorama de Saúde Mental no Brasil - coletânea de visões destinada à reflexão e ao debate nas organizações públicas e privadas durante o Setembro
Amarelo.
O
documento revela o panorama brasileiro diante das questões mais incapacitantes
para uma sociedade produtiva e traz as perspectivas críticas de personalidades
e instituições reconhecidas como autoridades no estudo do comportamento
humano. Entre os especialistas que marcam posicionamentos no compilado
científico estão Dr. Christian Dunker - professor titular do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo, Dra. Maria Livia Tourinho Moretto - coordenadora do Laboratório de Pesquisas 'Psicanálise, Saúde e Instituição' do IPUSP; o Instituto Cactus - organização
sem fins lucrativos que atua de forma independente para ampliar a promoção de
saúde mental no Brasil, especialistas do
Hospital Israelita Albert Einstein, além
de organizações públicas e privadas engajadas no tema.
Entre
os principais destaques da publicação estão leituras aprofundadas sobre o que
mostram os dados. A depressão por exemplo, superou os casos de diabetes nos
últimos dois anos. O indicador da Covitel, Inquérito de âmbito nacional que
investiga os impactos da pandemia no País, revelou que entre os períodos de
pré-pandemia e o primeiro trimestre de 2022, os diagnósticos de depressão
tiveram aumento de 41%. "Vale lembrar que o índice pode ser mais alarmante, se
considerarmos que muitas pessoas sequer foram diagnosticadas, ou seja, temos
uma margem de subnotificações", ressalta a pesquisadora. Na análise dos
recortes por grupos, aparecem urgências de debates focais ainda maiores, em especial entre as mulheres e os adolescentes.
Esse cenário, segundo os posicionamentos registrados, atende aos interesses de
uma indústria que está ávida para oferecer fórmulas prontas para questões
complexas. Nunca se venderam tantos psicotrópicos e infoprodutos. "A
medicalização desenfreada e sem critérios além de não tratar pode adoecer ainda
mais, tanto quanto a implantação de práticas que apenas embalam um discurso
superficial de cuidado e provocam um mal psíquico ainda maior", afirma Carla
Furtado. "O documento informativo contém no texto um grito silencioso de alerta
que precisa ser ouvido: a saúde mental virou um grande negócio", afirma.
A
coletânea apresenta também iniciativas de prevenção e enfrentamento
que colocam o ser humano no centro. "O documento é uma carta assinada pela ciência,
que faz um convite à reflexão, não por um mês amarelo apenas, mas por um
posicionamento que nos comprometa com a busca de soluções. Trata-se de uma
provocação para o despertar de uma capacidade humana esquecida: a conduta de 'amar
elos'. O sofrimento psíquico do trabalhador dói em toda a sociedade", conclui
Carla.
SERVIÇO
Relatório Técnico
"Alerta Amarelo: Perspectivas de
Prevenção e Enfrentamento ao Adoecimento no Trabalho
e Análises sobre o
Panorama de Saúde Mental no Brasil"
Lançamento: 05.09.2022
Baixe aqui a versão digital (distribuição gratuita)