Estado de Minas destaca participação da professora Carla Furtado em evento realizado no último fim de semana em BH, a convite da FIEMG, do SEBRAE e do IEL.
Carla Furtado*
Foi a conversa com uma executiva que
admiro que trouxe um insight: muitas organizações concluíram com sucesso uma
primeira curva de aprendizado sobre saúde mental, bem-estar e felicidade no
trabalho. Os anos de pandemia exigiram um letramento rápido com oferta imediata
de assistência e ações para promover algum bem-estar em meio ao caos. É preciso
reconhecer o esforço hercúleo das equipes de Gente & Gestão e os resultados
alcançados.
Introduzimos a Certificação
Internacional Chief Happiness Officer no Brasil em março de 2020, exatamente na
semana em que foi anunciada a pandemia de Covid-19. Nós, professores, e os 22
primeiros certificados no País não fazíamos ideia do quanto cuidar das pessoas
dentro das organizações se tornaria vital tão logo aquele encontro acabasse.
Menos ainda, o quanto felicidade e trabalho seriam conjugados juntos - nas
editorias de negócios e economia, nos fóruns de gestão e nos conselhos de
administração.
Em breve certificaremos o 400º
CHO e este marco nos incita a revisitar o percurso para compreender o que mudou
no cargo que chegou ao Brasil junto com um dos maiores desafios do nosso tempo.
Em primeiro lugar o escopo: tornou-se imprescindível tratar a felicidade no
trabalho como um dos elementos sob o amplo guarda-chuva da saúde mental.
Profissionais de felicidade passaram a obter melhores resultados ao atuar em
comitês transdisciplinares, com a participação de representantes das equipes de
saúde, segurança, medicina do trabalho, sustentabilidade, entre outros.
Outra mudança observada nos
últimos anos foi o rápido avanço no uso de pesquisas - o que é primordial para
uma acertada iniciativa de felicidade no trabalho. Nesse sentido, as HR Techs
foram decisivas, oferecendo soluções quando a maior parte das organizações não
possuía expertise para conduzir aferições regulares. Entre as competências do
Chief Happiness Officer no pós-pandemia está a tomada de decisões ancorada em
dados - como dizemos: é preciso gostar de pessoas e de números.
Nos últimos anos, também ampliamos o currículo da Certificação CHO com a
inserção do módulo ESG, no qual abordamos a Sustentabilidade Humana o 'S'
visto da porta para dentro das organizações. Esgotar o capital humano é um dos
grandes riscos corporativos da atualidade. Além disso, as evidências da relação
Sustentabilidade-Felicidade crescem exponencialmente, tendo a temática sido
abordada na edição 2023 do Relatório Mundial da Felicidade editado pela ONU.
Quando olhamos para o momento atual, vemos Chief Happiness Officers finalmente
ascendendo ao nível estratégico, garantindo suas cadeiras no board e
influenciando as macroestratégias. Estão presentes em empresas privadas e
públicas, organizações do terceiro setor e no cooperativismo. Crescem em
relevância a partir de uma atuação transversal, a bordo de uma mentalidade data
driven e com uma perspectiva de sustentabilidade de amplo escopo.
Que venha a segunda e promissora curva de aprendizado sobre o cuidado
com quem trabalha e seu impacto no ecossistema de negócios. Mais que otimistas,
estamos prontos para novos avanços.
*Diretora do Instituto Feliciência e autora
do livro "Feliciência: Felicidade e Trabalho na Era da Complexidade". Docente de
Psicologia Positiva na PUCRS. Pesquisadora Científica na USP e na Universidade
Católica de Brasília.