Estado de Minas destaca participação da professora Carla Furtado em evento realizado no último fim de semana em BH, a convite da FIEMG, do SEBRAE e do IEL.
Felicidade é uma questão política. Ao menos nos Emirados Árabes Unidos. O país que tem uma mulher como Ministra da Felicidade, a atuante Ohood Al Roumi, promove um think tank duas vezes ao ano para debater políticas de promoção do bem-estar humano. Trata-se do World Happiness Council, grupo formado por políticos e pesquisadores de diferentes nacionalidades responsáveis pelo Global Happiness Policy Report, cuja última edição acaba de ser publicada.
"Céticos dirão que poder é o verdadeiro negócio dos governos, não felicidade", destaca no documento Jeffrey Sachs, que comanda o grupo e também dirige o Centro para Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. "Contudo", segue, "a verdadeira governança nada mais é que políticos atuando em prol do bem-estar do cidadão".
Razões para sustentar o investimento público em felicidade não faltam. Hoje, 500 milhões de pessoas sofrem de doenças mentais no planeta e apenas um quinto está sob tratamento. Doenças mentais são uma importante causa de infelicidade, além de gerar impacto relevante na economia. Pessoas com depressão e transtorno de ansiedade vivem 5 anos menos que a média e estão mais sujeitas a suicídio. Políticas de saúde que priorizem a intervenção precoce precisam ser implantadas.
No âmbito das escolas públicas, a inserção da chamada Educação Positiva pode modificar a capacidade de vivenciar a felicidade nas próximas gerações. "Professores que transmitem pessimismo, desconfiança e uma visão trágica da vida influenciam a percepção de mundo de seus alunos", afirmam no relatório os pesquisadores Martin Seligman e Alejandro Adler, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Quanto ao trabalho, o documento traz importantes recomendações. Ele defende, entre outros, que os governos atuem em parceria com instituições acadêmicas, sociedade civil e empresas na avaliação de intervenções no ambiente de trabalho que promovam real bem-estar. Também deve haver, entre outros, transparência e consistência nas práticas de treinamento, avaliação de desempenho e promoção, visto que isso comprovadamente incrementa a confiança do trabalhador na empresa e, como consequência, seu bem-estar.
O grande desafio do Global Happiness Policy Report é reduzir a distância entre as descobertas da emergente ciência da felicidade e o desejo do ser humano por uma vida mais feliz. Ou seja: levar para a vida real os achados da Academia. E se governos servem aos cidadãos, e não o contrário como alguns tentam nos fazer crer, líderes públicos precisam ser, acima de tudo, experts em felicidade.