Estado de Minas destaca participação da professora Carla Furtado em evento realizado no último fim de semana em BH, a convite da FIEMG, do SEBRAE e do IEL.
Dois
anos depois da maior crise global ser declarada em muitas décadas, cientistas se debruçam sobre
os efeitos de uma outra escalada de adoecimento: os transtornos mentais. Dados
confirmam que a pandemia aumentou em 25% a prevalência de ansiedade e depressão
no mundo. O Brasil posiciona-se como o país mais depressivo da América Latina e
no topo do ranking global de TAG, o Transtorno de Ansiedade Generalizada.
"O
ônus dessa perda de sustentabilidade humana está em todas as esferas. Ninguém -
nem pessoas físicas, nem jurídicas - escapa do prejuízo", alerta Carla
Furtado, pesquisadora na Universidade Católica de Brasília e diretora do
Instituto Feliciência, responsável pela publicação do white paper Alerta
Amarelo: Perspectivas de Prevenção e Enfrentamento ao Adoecimento no Trabalho e
Análises sobre o Panorama de Saúde Mental no Brasil - coletânea de visões destinada à reflexão e ao debate nas organizações públicas e privadas durante o Setembro
Amarelo.
O
documento revela o panorama brasileiro diante das questões mais incapacitantes
para uma sociedade produtiva e traz as perspectivas críticas de personalidades
e instituições reconhecidas como autoridades no estudo do comportamento
humano. Entre os especialistas que marcam posicionamentos no compilado
científico estão Dr. Christian Dunker - professor titular do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo, Dra. Maria Livia Tourinho Moretto - coordenadora do Laboratório de Pesquisas 'Psicanálise, Saúde e Instituição' do IPUSP; o Instituto Cactus - organização
sem fins lucrativos que atua de forma independente para ampliar a promoção de
saúde mental no Brasil, especialistas do
Hospital Israelita Albert Einstein, além
de organizações públicas e privadas engajadas no tema.
Entre
os principais destaques da publicação estão leituras aprofundadas sobre o que
mostram os dados. A depressão por exemplo, superou os casos de diabetes nos
últimos dois anos. O indicador da Covitel, Inquérito de âmbito nacional que
investiga os impactos da pandemia no País, revelou que entre os períodos de
pré-pandemia e o primeiro trimestre de 2022, os diagnósticos de depressão
tiveram aumento de 41%. "Vale lembrar que o índice pode ser mais alarmante, se
considerarmos que muitas pessoas sequer foram diagnosticadas, ou seja, temos
uma margem de subnotificações", ressalta a pesquisadora. Na análise dos
recortes por grupos, aparecem urgências de debates focais ainda maiores, em especial entre as mulheres e os adolescentes.
Esse cenário, segundo os posicionamentos registrados, atende aos interesses de
uma indústria que está ávida para oferecer fórmulas prontas para questões
complexas. Nunca se venderam tantos psicotrópicos e infoprodutos. "A
medicalização desenfreada e sem critérios além de não tratar pode adoecer ainda
mais, tanto quanto a implantação de práticas que apenas embalam um discurso
superficial de cuidado e provocam um mal psíquico ainda maior", afirma Carla
Furtado. "O documento informativo contém no texto um grito silencioso de alerta
que precisa ser ouvido: a saúde mental virou um grande negócio", afirma.
A
coletânea apresenta também iniciativas de prevenção e enfrentamento
que colocam o ser humano no centro. "O documento é uma carta assinada pela ciência,
que faz um convite à reflexão, não por um mês amarelo apenas, mas por um
posicionamento que nos comprometa com a busca de soluções. Trata-se de uma
provocação para o despertar de uma capacidade humana esquecida: a conduta de 'amar
elos'. O sofrimento psíquico do trabalhador dói em toda a sociedade", conclui
Carla.
SERVIÇO
Relatório Técnico
"Alerta Amarelo: Perspectivas de
Prevenção e Enfrentamento ao Adoecimento no Trabalho
e Análises sobre o
Panorama de Saúde Mental no Brasil"
Lançamento: 05.09.2022
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